Quando você ouve falar em sustentabilidade é capaz de imaginar cada brasileiro, de qualquer região, idade e status social, comprando 42 peças de roupa por ano? Parece exagero? E é.
Mas é também o equivalente aos 9 bilhões de peças confeccionadas anualmente no país. Só na região do Brás (SP), considerado o maior polo de confecção do Brasil; são 16 caminhões de lixo têxtil por dia.
E bastam esses dados – poucos, se pensarmos em relação ao restante do mundo – para entender como a sustentabilidade na moda ainda está distante de ser uma realidade.
Sustentabilidade: desafios e oportunidades
Os números fazem parte do relatório Fios da Moda. Elaborado pelo Instituto Modefica em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a consultoria internacional Regenerate Fashion, o estudo mostra que ainda há muitos desafios a serem superados.
Mas também muitas oportunidades perdidas. Afinal, há várias iniciativas de sucesso para evitar o desperdício e colocar a criatividade em panos limpos. Claro, é verdade que o caminho é longo e a cadeia produtiva é imensa e complexa.
O problema é que ainda tem muita gente que não entendeu que o impacto do setor no meio ambiente precisa ser reduzido com urgência e que cada pequena atitude é uma contribuição importante.
De acordo com a ONU, 8% de todos os gases tóxicos emitidos e que contribuem para as mudanças climáticas são provenientes da indústria têxtil. Só o setor petrolífero polui mais do que o mundo da moda.
É dele também a responsabilidade por 20% do desperdício de água no mundo. Já o poliéster (PET, que tem o petróleo como base) leva mais de 200 anos para se decompor, mas, assim como a viscose, continua sendo uma das fibras sintéticas mais utilizadas para a produção de roupas. E isso, mesmo havendo opções para a moda sustentável, como o fio de poliéster reciclado.
Até o algodão, que é uma fibra natural, contribui para a falta de sustentabilidade na moda. A matéria prima preferida da indústria têxtil está no quarto lugar dos top 5 cultivos que mais consomem agrotóxicos no país.
E o melhor é que nem é preciso abrir mão dele. Há formas agroecológicas de produzir o algodão que garantem mais sustentabilidade para o meio ambiente – e também para a qualidade de vida de comunidades locais. Então por que para algumas marcas ainda parece ser tão difícil chegar à moda sustentável?
Moda sustentável é cada vez mais exigência do mercado
A prática mostra que há soluções de moda sustentável para marcas de todos os portes e regiões, mas é preciso uma mudança cultural. Essa revolução de mentalidade no mundo da moda já começou, puxada, principalmente, pelo próprio mercado.
E quem é de vanguarda já está adotando medidas para não ficar fora da concorrência e criar uma identificação de marca antenada com a sustentabilidade. O consumidor não é mais um agente passivo sentado em frente à TV esperando que lhe digam o que comprar. A transformação digital e a globalização geraram empoderamento, conscientização e cobranças.
Ele sabe o que quer, decide a forma como quer consumir e exige saber a origem dos produtos desde a matéria-prima. Sim, o consumidor agora é o protagonista da história que faz para ele mesmo, dono consciente de suas escolhas.
E as novas gerações de consumidores, os millennials e os “Z” – exigem compromisso das marcas com os valores da moda sustentável. Recycling, moda circular, moda para todos, slow fashion não são apenas tendências. Mais do que isso, são conceitos consolidados que vieram para ficar e fazer diferença.
6 coisas que a indústria da moda precisa entender
O desperdício é feito de absurdos e paradoxos. A fast fashion anda tão rápido que não dá tempo do consumidor consumir.No Deserto do Atacama um cemitério têxtil é formado por montanhas de roupas descartadas.
Sendo que 59 mil toneladas de peças novas não compradas pelos mercados americano e europeu já ficam pelo caminho para serem comercializadas na Zona Franca de Iquique (Chile). E o que sobra (de novo) também acaba em Atacama. Em Gana (África) 15 milhões de peças chegam toda semana, algumas com uma qualidade tão baixa que sequer conseguem ser revendidas, acabam sendo queimadas.
No total são cerca de US$ 460 bilhões para se livrar de roupas em ótimo estado. Pelo menos 12,8 milhões de toneladas são incineradas todos os anos, gerando gases tóxicos de efeito estufa que comprometem cada vez mais o clima.
Nem é preciso uma lupa para achar muito mais dados comprometedores. Mas então o que falta a indústria têxtil entender para adotar de vez medidas de sustentabilidade na moda?
1 – As mudanças precisam ser para ontem
Não é mais uma questão de ficar debatendo apenas teorias. É hora de arregaçar as mangas e fazer. O mundo já está cheio de exemplos práticos de moda sustentável e é relativamente fácil adaptar um deles para o seu modelo de negócio. As mudanças já deviam ter começado ontem, então não deixe para amanhã.
2 – Cada atitude conta
Cada nova coleção de moda que é produzida com sobras de anteriores ou resíduos têxteis reciclados, cada opção por embalagens biodegradáveis ou aviamentos sustentáveis, cada reaproveitamento de retalhos, tingimento natural ou economia de água conta. Pequenas atitudes juntas são verdadeiramente transformadoras.
4 – Sustentabilidade não é tendência
Nem questão de escolha. A moda sustentável é uma obrigação com o planeta e com os consumidores, é uma questão de sobrevivência global. A pandemia mostrou como o mundo pode ficar doente e como a natureza se transformou de forma tão magnífica com apenas alguns meses de confinamento humano. É preciso arrumar formas de curá-la definitivamente.
5 – Muita roupa no mundo
Mesmo com o crescimento da slow fashion, ainda há uma produção de roupas novas imensa. A desaceleração do ritmo de fabricação é importante, mas ainda assim o mundo não precisa de mais roupas. É preciso mudar o modelo de negócios criando opções de moda circular, recycling, empréstimos, trocas, etc. A discussão da redução da margem de lucro precisa fazer parte da sustentabilidade na moda para gerar resultados.
6 – A responsabilidade é de todos
Não há dúvidas de que o mundo da moda é poderoso, mas a moda, em si, tem um poder transformador. A pegada sustentável deve ser uma ferramenta para gerar empregos, autonomia social, emocional e financeira, fomentar identidades culturais.
O compromisso com a sustentabilidade na moda deve ser uma postura ética permanente, que já está se tornando a própria base do consumo. Dessa forma será possível criar um sistema mais justo, com mais equidade social e ambientalmente consciente.
A moda sustentável é uma das maiores preocupações da Haco, que está sempre em busca de soluções que identifiquem e valorizem marcas e produtos dos clientes, mantendo foco na inovação, gerando lucro, desenvolvimento social e sustentabilidade.
Conheça mais sobre as ações sustentáveis da Haco e inspire-se para criar soluções para o seu negócio de moda!