As mudanças no mundo sempre foram aceleradas, ainda mais nos últimos 100 anos. Mas nada se compara a pandemia da Covid, que antecipou e consolidou tendências em todas as áreas. A indústria da moda, por exemplo, já está produzindo para um novo perfil de consumidor, e conhecê-lo mais a fundo é essencial para abordagens de sucesso.
Pode-se dizer que a necessidade do distanciamento social trouxe uma veemente conexão, um sentimento que é inerente à própria natureza humana.
Para a WGSN, por exemplo, uma das maiores empresas do mundo em análise de tendências em moda, a conectividade digital vai guiar os passos dos consumidores do futuro nesse sentido.
Para a indústria da moda, é praticamente uma questão de sobrevivência compreender como essa conectividade digital, que chega carregada de significados, está influenciando o comportamento dos consumidores para criar estratégias assertivas para 2022.
Pausa na indústria da moda serviu para reavaliar processos
Para muitos, 2020 foi um ano que não passou. A quarentena forçada pela pandemia desencadeou sentimentos de surpresa, insegurança e expectativa, mas também de perda: de tempo, de renda, de vidas.
Hoje, no entanto, o que se vê é que não foi só assim. Enquanto observava o cenário inusitado ao redor, a indústria da moda se protegia, mas também se reavaliava, pesquisava e se reinventava.
Da própria conectividade digital se concretizaram desfiles 3D, as passarelas virtuais e as semanas de moda online.
Como geralmente acontece nos momentos de crise, do caos nasceram cenários criativos e promissores, refletindo também uma maior observação e respeito pelas relações com os consumidores e a natureza.
Afinal, os tempos de instabilidade e insegurança sempre foram conhecidos como solo fértil para ideias inovadoras e atitudes arrojadas, que desbravam novos caminhos de sucesso.
O que considerar na criação de estratégias
Entender os elementos que estão moldando os novos hábitos de consumo e descobrir meios de atender a estas necessidades é a chave para a diferença entre a estagnação e o crescimento da indústria da moda.
Medo, incerteza econômica, dessincronização social e a chamada eco-ansiedade são alguns deles. A partir daí é possível criar estratégias que vençam desafios e abram novas oportunidades. Algumas já se mostram bastante eficientes.
Mais atenção aos processos de autoconhecimento do consumidor
O cenário de isolamento social não propiciou apenas à indústria da moda tempo suficiente para olhar para o próprio umbigo. Para os consumidores, essa também foi a oportunidade para entender o que cada um quer de verdade – e o que realmente precisam.
Relações mais verdadeiras, expressões mais autênticas e o respeito pela diversidade e pelo meio ambiente nunca estiveram tão presentes. É preciso agregar valor aos produtos, criar diferenciais reais para as peças com foco no que o público-alvo deseja, adaptando a produção aos novos anseios.
Melhoria contínua na jornada de compra
A indústria da moda precisa romper as barreiras naturais da compra à distância, criando mecanismos que facilitem e deem mais segurança à jornada, melhorando cada vez mais a experiência dos consumidores.
Detalhamento da composição dos tecidos, tabelas de medidas reais, facilidade e rapidez na entrega e na troca, múltiplas opções de pagamento e canais de atendimento, apoio no PDV, suporte no pós-venda, informações detalhadas nas etiquetas – inclusive com a ajuda da tecnologia RFID – e interação digital são alguns dos pontos de ação mais estratégicos.
Valorização da cultura e mão de obra locais
Ninguém duvida da resiliência da indústria da moda, justamente pela indescritível capacidade de adaptação. Simplesmente deixar acontecer, no entanto, é suicídio. É preciso se alinhar com as novas formas de pensar, como a rejeição da globalização incentivada pelo coronavírus.
Ao ficar em casa, os consumidores se viram mais próximos dos vizinhos, dos comerciantes e dos pequenos empreendedores. Passaram a dar mais valor às produções locais, às identidades regionais, aos elementos culturais que mostram a história de cada lugar.
Agregar esses elementos ao mundo da moda não é mais uma questão de estilo de ateliês de vanguarda, mas uma forma de agregar valor emocional às peças. É mostrar que a marca se importa com as pessoas, reconhece os esforços, incentiva a economia local e se solidariza com todos para seguir em frente.
Redução do ritmo da produção e do lançamento de coleções
A agilidade da indústria da moda está sendo confrontada com o desperdício, com a futilidade e com o descaso com a natureza, que se tornam cada vez mais obsoletos.
A estratégia de marca deixa de ser o incentivo ao consumo cada vez mais rápido para focar no consumo consciente, na economia circular e no reaproveitamento de materiais e resíduos de forma criativa e sustentável.
Os consumidores reconhecem e valorizam as iniciativas que reduzem o impacto ambiental do descarte desnecessário, aplaudem a criatividade na reciclagem e investem em marcas conscientes, abandonando as que se mantêm nos modelos tradicionais de produção e varejo.
Reduza a velocidade de lançamento das coleções de moda, tendo como base clientes mais alinhados com o consumo consciente. Peças que atravessam estações, que sejam facilmente intercambiáveis, que sejam utilitárias e que mostrem soluções duradouras são priorizadas em detrimento da moda descartável.
Processo produtivo sustentável e transparente
A conectividade digital facilita a troca de informações, criando uma identificação de marca mais rápida com os consumidores. Hoje eles cobram mudanças nas engrenagens da indústria da moda, exigem processos menos poluentes, leem e preservam etiquetas bem elaboradas, pesquisam o que não sabem e rejeitam o que não concordam.
A adoção de um processo produtivo sustentável em todas as pontas, o compromisso com metas ambientais e a transparência nas ações fidelizam um público cada vez mais envolvido com o ativismo climático.
Adoção do design circular
Um dos grandes desafios da indústria da moda é o desenvolvimento de um design circular, principalmente no jeanswear. Procure criar e simplificar não apenas a produção, mas também os elementos físicos para tornar o jeans uma peça de fácil desmonte e reaproveitamento em uma estratégia de reciclagem progressiva.
A utilização de fios reciclados, e que também sejam recicláveis, o uso de algodão certificado e/ou fibras celulósicas de cultivo regenerativo, orgânico ou em processo para se tornar orgânico garantem durabilidade ao jeans e baixo impacto ambiental.
A adoção de estratégias sustentáveis baseadas na conectividade digital abre novas perspectivas de atuação para a indústria da moda em 2022, criando um relacionamento de respeito mútuo com os consumidores, consolidando a identificação de marca no mercado.
Saiba mais sobre o assunto conhecendo os pilares fundamentais da moda para a sustentabilidade na indústria têxtil e adapte suas estratégias para as próximas coleções!