Encerradas em 8 de agosto, as Olimpíadas do Japão viram o Brasil fazer bonito, dentro e fora das quadras, campos e pistas de atletismo. A melhor campanha do país na história da disputa trouxe para casa 21 medalhas – 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze – fechando os jogos na 12ª posição.
Até então, a melhor colocação havia sido na Rio 2016, quando ficou em 13º lugar. Mas os desafios não ficaram só entre os atletas. Nos bastidores, também pode-se dizer que houve uma espécie de disputa acirrada no mundo da moda olímpica.
Claro que, em cerca de 2.500 a.C., quando o mítico herói Hércules teria criado as Olimpíadas em homenagem a Zeus, seu pai, a moda deve ter sido a última coisa que passou pela cabeça.
Na verdade, reza a lenda que o Corobeu, o primeiro atleta de que se tem notícia a vencer uma prova de corrida na Olimpíada, em 776 a.C., correu sem roupa porque acreditava que assim teria melhor performance.
Só que, nas Olimpíadas modernas, a história é bem diferente e a moda sempre andou coladinha com o esporte. Os desafios começam bem antes e não acabam no pódio.
É preciso representar culturalmente cada nação sem cair em estereótipos, evitar a hipersexualização dos corpos e ainda buscar materiais sustentáveis e tecnológicos que ajudem o desempenho.
Essa verdadeira santa tríade da moda esportiva, aliás – sustentabilidade, tecnologia e performance – foram as características mais marcantes de grande parte dos estilistas responsáveis pelo visual das delegações.
Moda olímpica confirma principais tendências
Pode-se dizer que a moda olímpica só confirmou as principais tendências do mundo de moda. Como uma verdadeira passarela global, se viu muito estilo em linhas clássicas e criativas, moda agênero, tecidos tecnológicos e materiais sustentáveis.
O Brasil foi bacana no pódio, mas também no catwalk. O verde e amarelo foi bem representado na abertura pela marca carioca Wollner e nas ocasiões casuais pela Riachuelo e Havaianas nos pés.
Mas o toque tecnológico ficou com os uniformes da marca chinesa Peak (patrocinadora oficial do Comitê Olímpico do Brasil – COB), que levou peças 100% poliéster, só que com textura mais fina, usadas para suportar a temperatura alta no Japão nessa época do ano.
Para quem busca inspiração para a próxima coleção de moda, essa é uma ótima oportunidade para apostar nos detalhes, verdadeiros diferenciais de identificação de marca. Cadarços e etiquetas verde e amarelo, por exemplo, são o toque certo para lembrar e homenagear a ótima campanha dos nossos atletas.
Inclusão e neutralidade de gênero ficaram bem representados
Muito se tem falado sobre a necessidade crescente da moda inclusiva e agênero – e nas Olimpíadas não foi diferente. O Canadá escolheu a pegada streetwear com a marca Hudson Bay, parceira da Levi’s. A ideia foi criar looks joviais e descontraídos, justamente festejando a neutralidade de gênero e a inclusão.
A moda agênero – e vegana – também foi a escolha do designer Telfar Clemens para a delegação da Libéria. Os uniformes, inclusive, foram considerados os mais fashions da temporada pela Vogue americana.
Fio de poliéster reciclado faz sucesso em Tóquio
Nos quesitos sustentabilidade e tecnologia, marcas tradicionais mostraram que é preciso acompanhar os novos hábitos de consumo. Ralph Lauren, que desde 2008 assina o visual das delegações olímpica e paraolímpica americanas, é um bom exemplo.
O estilista levou para Tóquio um figurino com couro vegetal, poliéster reciclado, cinto de garrafa plástica reciclada e jaqueta anti-calor. Esta última com um dispositivo de controle de temperatura auto-regulável, patenteado como RL Cooling.
O fio de poliéster reciclado, aliás, fez sucesso nas Olimpíadas da moda em Tóquio. O material sustentável também foi a escolha da marca Bosco para a delegação espanhola e utilizado em toda a linha de sapatos e mais de 30 tipos diferentes de peças.
É a busca cada vez mais bem sucedida por performance com sustentabilidade e estética inclusiva, impulsionada pela grande celebração das Olimpíadas.
Aproveite para conhecer outra grande tendência do mundo da moda e que também foi usada pela Lacoste para a equipe francesa: o oversized!