O mundo da moda nunca foi estático, muito pelo contrário. A resiliência vem da capacidade de adaptação do mercado às transformações socioeconômicas ao longo dos anos.
Hoje o que vemos é um movimento de raízes profundas e, ao que tudo indica sólidas, de novos hábitos de consumo baseados na sustentabilidade.
Essas transformações não são de hoje e não dizem respeito apenas à moda. De um modo geral, há uma maior preocupação com a origem dos produtos, com os efeitos da produção do meio ambiente e em como evitar estragos e reverter danos a longo prazo.
Mais do que uma tendência, esse é um movimento por um estilo de vida, ações que definem quem somos, onde e como pretendemos chegar.
De acordo com o relatório A new textiles economy: redesigning fashion’s future sobre moda e sustentabilidade, a indústria têxtil libera, por ano, cerca de 1,2 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa no meio ambiente.
Além disso, o estudo aponta ainda que cerca de US$ 500 bilhões são desperdiçados com peças de roupas pouco ou nada usadas e que são descartadas em aterros sanitários. Isso é equivalente a 80 bilhões de peças de vestuário por ano.
Mesmo assim, o consumo pelo consumo está perdendo força e o assunto sustentabilidade na moda vem ganhando espaço nas discussões do setor.
Como um dos maiores poluidores do planeta, portanto, o mundo da moda precisa ter consciência que fazer parte desse novo mundo é inevitável, e investir cada vez mais nos novos hábitos de consumo sustentável.
Quais são estes novos hábitos no mundo da moda?
O mundo de moda é cultural, uma vitrine da inconstância humana e da necessidade de novidades. Entretanto, é também um poderoso sistema de comunicação, que transmite valores e atributos entre produtos e consumidores.
Estes papéis são fundamentais para reduzir os impactos ambientais e sociais em todas as etapas da produção, antes e depois do tecido chegar nas mãos do estilista, reconhecendo os novos hábitos de consumo que estão se formando.
- Slow fashion
Por muitos anos a política de produção em massa, rápida e contínua de peças, incentivando o consumo fácil e o desperdício, reinou absoluta no mundo da moda.
Hoje, em contramão ao movimento à fast fashion, surge o slow fashion, um conceito que propõe a conexão com a forma de produção, a valorização do trabalho artesanal, da diversidade, das pequenas coleções e da ideia de que ser é mais importante do que ter.
- Reciclagem de peças e fios alternativos
Hoje o mundo da moda tem consumidores mais conscientes, informados e exigentes do que antigamente. Eles querem consumir o que consideram bom para o meio ambiente.
Os consumidores atualmente lêem etiquetas, cobram transparência na produção, exigem produtos não poluentes, fazem campanha contra testes em animais, apoiam o uso consciente da água, a produção de fios alternativos, matérias-primas e peças recicladas, e criam identificação com marcas que se renovam em medidas sustentáveis.
- Os brechós e a moda circular
Nesse novo movimento, os consumidores querem que as peças signifiquem algo. Não basta a aparência, as roupas devem ter histórias, seja na produção consciente, seja por já terem sido usadas por outra pessoa.
Os consumidores sabem que ao comprarem roupas usadas, estão colaborando para a economia circular, evitando desperdício e beneficiando o meio ambiente. Sabem que podem mudar o mundo através das escolhas.
Os brechós nunca estiveram tão fortes no mercado, tanto nas peças econômicas quanto nas coleções de luxo a preços mais acessíveis. As redes sociais têm sido as maiores impulsionadoras dessa forma de consumo, repensando a cadeia produtiva dentro do conceito de slow fashion.
Reavaliação do que já se tem
Atualmente há uma reavaliação constante do que é necessário ou supérfluo. A pandemia da Covid-19 acentuou a tendência de cuidar do que já se possui – seja da casa, do carro ou do guarda-roupa.
Nesse sentido, há uma valorização maior das informações nas etiquetas, de conteúdos sobre dicas de lavagem, de produtos que não danificam as peças, de formas para conservar as roupas por mais tempo e utilizá-las de formas diferentes.
É pensar duas, três vezes antes de comprar. De não se deixar levar pelo impulso, priorizando marcas que têm afinidade com o estilo de vida que contribua para a sustentabilidade e a transparência no mundo da moda.
E então, pronto para fazer a sua parte dentre estes novos hábitos de consumo no mundo da moda?
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