Para quem está começando no mundo da moda, conhecer o exemplo de estilistas de sucesso é sempre uma inspiração. Para quem já está na estrada há um tempo, é importante repassar algumas histórias e, quem sabe, renovar conceitos. Seja como for, a trajetória de Roy Halston é pura inspiração.
Protagonizada por Ewan McGregor, a minissérie da Netflix resgata a história desse ícone que criou conceitos e tendências nas décadas de 70 e 80.
“Halston”, que é produzida por Ryan Murphy (“Hollywood”, “American Horror Story”, “Politician”), mostra como o criador do vestido-camisa impactou a moda no auge da era da discoteca e deixou legado após a queda do próprio império.
Conheça mais sobre a vida de Halston
Nascido Roy Halston Forwick, em Des Moines, no Estado de Iowa (EUA), o designer marcou o mundo da moda com a icônica silhueta frente única. Os vestidos sensuais e elegantes marcaram a moda disco, especialmente as festas do Studio 54, de onde era frequentador assíduo.
Ainda na adolescência, Halston criava acessórios e chapéus para a mãe, abrindo a primeira butique em 1968, na Madison Avenue. O estilo “rico, com textura e descolado”, como definia, logo conquistou famosos do showbiz, com criações leves e fluídas.
Anjelica Huston, Liza Minnelli, Elizabeth Taylor, Greta Garbo, Lauren Bacall, Andy Warhol e Bianca Jagger foram alguns dos clientes mais assíduos – e também grandes amigos.
A minissérie mostra, inclusive, quando Halston cria em minutos um vestido para Liza Minnelli após enrolá-la no tecido como em uma toalha após o banho.
Depois, ele simplesmente amarra duas pontas no pescoço da cantora e atriz e o tecido cai suavemente sobre o corpo. Nascia ali a base dos icônicos e atemporais vestidos frente única.
Do auge à queda em 5 episódios
Halston teve uma vida social intensa e festiva, sempre acompanhado por um séquito de modelos vestidas dos pés à cabeça com as criações, as “Halstonettes”, como eram chamadas.
“Halston” mostra o caminho do sucesso e a queda nos anos 80, levada, principalmente, por um ego imenso e o vício em cocaína.
Em 1973, no entanto, Halston já havia vendido a marca, a Halston Limited, à Norton Simon por US $16 milhões. Continuou como estilista principal da casa até 1983, quando a empresa foi comprada pela Esmark Inc e o acordo foi desfeito.
Afastado da companhia no ano seguinte e impedido de criar para a própria marca, Halston passou o resto da vida tentando recuperar o controle da companhia.
Halston foi casado por dez anos com Victor Hugo, um artista venezuelano interpretado por Gian Franco Rodriguez na minissérie da Netflix. Trocou Nova York por São Francisco quando soube que era soropositivo, em 1988. Dois anos depois morreu de um câncer em consequência da Aids.
O legado para o mundo da moda
O legado de Halston é indiscutível. A influência criativa permanece até hoje em peças minimalistas e simplicidade elegante que redesenharam o urban style americano.
Pioneiro no uso da camurça sintética, além da icônica frente única, é dele também o vestido-camurça que tomou conta do guarda-roupa feminino americano na década de 70.
Para ele, a peça, que é praticamente uma camisa masculina longa, era sexy e confortável, ideal para usar todos os dias com liberdade.
Quase dez anos antes, em 1961, Halston havia causado alvoroço com o chapéu azul claro usado por Jackie Kennedy na posse do marido, o presidente norte-americano John F. Kennedy.
O modelo ovalado e sem abas, que ficou conhecido como “pillbox” (caixa de pílulas), logo se transformou em sucesso no mundo da moda.
Figurino: recriação dos modelos merece destaque
Cada um dos cinco episódios da minissérie mantém o foco em uma coleção de Halston, ao mesmo tempo em que conta a trajetória do designer. As roupas da produção foram criadas pela figurinista Jeriana San Juan (“The Get Down”, “The Plot Against America”).
Já para recriar os modelos icônicos criados para a designer de jóias e acessórios Elsa Peretti, foi feita uma acurada pesquisa nos arquivos de Halston.
Interpretada na minissérie pela atriz Rebecca Dayan, Perretti também foi modelo e filantropa, além de uma das melhores amigas de Halston. Conhecida como um dos nomes mais revolucionários por trás da Tiffany & Co, a designer faleceu aos 80 anos no último dia 18 de março, em Florença, na Itália.
O trabalho da figurinista, no entanto, também teve um papel curioso: ensinar o intérprete de Halston a se comportar como o estilista. Ewan McGregor teve que aprender a pegar na tesoura e a mexer com os tecidos, por exemplo.
A apresentação das coleções foi pensada de forma que mostrasse a evolução do tempo, o que não foi fácil se considerarmos a atemporalidade das criações do designer.
Considerado um dos estilistas norte-americanos mais influentes do século XX, “Halston” é mais uma série sobre moda da Netflix que merece ser vista e absorvida em detalhes.
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