A indústria da moda fast fashion tem sido uma das principais impulsionadoras do consumo nos últimos anos, criando muitos desafios no contexto da moda responsável.
Levando ao mercado lançamentos cada vez mais rápidos, o fast fashion conquistou os consumidores com coleções inspiradas em grifes e com preços acessíveis.
No entanto, esse modelo de negócio tem sido objeto de discussão em relação à sustentabilidade, criticado por seu processo de produção em massa e descarte rápido de roupas.
O consumo excessivo de recursos naturais, como água e energia, juntamente com a emissão de gases de efeito estufa, tornou-se uma preocupação crescente. Além disso, a mão de obra barata e as más condições de trabalho são problemas sociais associados à indústria fast fashion.
Neste cenário, marcas e estilistas buscam repensar a moda e as atitudes, voltando o olhar para o futuro do nosso planeta. Respeitar o meio ambiente e a sociedade é um passo importante em direção a uma indústria mais sustentável.
Diante disto, como as marcas de fast fashion vem trabalhando as ações sustentáveis em sua cadeia produtiva? Para refletirmos sobre isso, falaremos aqui sobre as iniciativas de dois grandes players deste mercado, que estão trilhando caminho à moda responsável.
A Gestão Ecoeficiente da Renner
A Renner, empresa centenária de moda, tem se destacado por suas ações de sustentabilidade, mostrando um compromisso cada vez maior com o meio ambiente e a responsabilidade social.
Nomeada de Gestão Ecoeficiente, a marca trabalha com 4 iniciativas principais:
Selo RE: criado para identificar as iniciativas de sustentabilidade da marca, nos produtos feitos a partir de matérias-primas e processos menos impactantes ao planeta, como algodão e viscose responsável, o RE jeans, a RE malha, fio reciclado, liocel, poliamida biodegradável e modal. O selo também é utilizado no programa de logística reversa da marca, o Ecoestilo, que dá a destinação ambientalmente correta de frascos e embalagens de perfumaria e itens de vestuário.
Cadeia de fornecimento responsável: a empresa se compromete a ter 100% da sua cadeia de produção certificada. Garantindo, por meio de auditoria, que seus fornecedores nacionais e internacionais estejam de acordo com requisitos de responsabilidade social e ambiental.
Instituto Lojas Renner: promove iniciativas para geração de renda em diversas áreas relacionadas à moda, fortalecendo a liderança comunitária e o empreendedorismo feminino. No site da marca, há uma página dedicada aos projetos do Instituto, confira aqui.
Lojas mais eficientes: além dos produtos e sua cadeia produtiva, a marca também se preocupa com a sustentabilidade de suas lojas físicas. As “lojas ecoeficientes” contam com premissas da construção sustentável em obras e reformas, que vão desde iniciativas como a eficiência energética, buscando energia de fonte renovável de baixo impacto, até a produção das cortinas dos provadores e sacolas de compra com matéria-prima reciclada.
O movimento CRIA! da Riachuelo
A Riachuelo, outra gigante do segmento fast fashion, desenvolveu o projeto CRIA!, que unifica as práticas sustentáveis da marca.
A empresa se compromete com 5 valores principais, guiados pela crença de que escolhas e atitudes transformam, revolucionam e criam o futuro. São eles:
Produtos Mais Sustentáveis: baseia-se na ampliação do uso de matérias-primas mais sustentáveis em seus produtos, envolvendo insumos que tenham desde um processo de cultivo pautado pelas melhores práticas ambientais, até uma cadeia de trabalhadores que respeita os direitos humanos. Durante o processo produtivo, compromete-se com a redução do consumo de água e menor uso de químicos em seus jeans — até 90% de redução do consumo de água e até 85% de redução da utilização de químicos.
Cadeia de Fornecedores: além da cultura sustentável em sua fábrica própria, em Natal (RN), a empresa monitora 100% dos seus fornecedores, visando combater práticas como trabalho escravo, precarização do trabalho, discriminação e trabalho infantil.
Meio Ambiente: cientes do desafio das mudanças climáticas e seus efeitos negativos, a marca quantifica anualmente as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes de suas operações, incluindo todas as fábricas, centros logísticos e lojas. Também investe em tecnologia e inovação para o gerenciamento da água em seus processos produtivos, utilizando alternativas como ozônio, laser e nebulizações, que reduzem em até 20 vezes a utilização de água na fabricação de peças jeans.
Circularidade: a marca está desenvolvendo, junto ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas, uma nova fibra têxtil a partir da reciclagem de resíduos pré consumo. Também possui em todas as suas lojas coletores onde clientes e colaboradores podem doar roupas e calçados à ONG Liga Solidária.
Gente e Sociedade: com mais de 31 mil colaboradores presentes em todos os estados do Brasil, a empresa se compromete com importantes temas relacionados à gestão de pessoas, como geração de emprego e renda; defesa e promoção dos direitos humanos com colaboradores diretos e nas cadeias de fornecedores; e saúde, bem-estar e qualidade de vida. Aderiu ao Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, e também recebeu um selo especial concedido pela Women on Board (WOB), uma iniciativa sem fins lucrativos, apoiada pela ONU Mulheres.
Desafios da moda responsável
Com estes super cases, podemos nos inspirar e visualizar um futuro possível em que a indústria da moda não seja mais considerada vilã em sua relação com o meio ambiente e a sociedade.
Por isso, estilistas têm um papel crucial nesta transformação, adotando práticas sustentáveis, como o uso de materiais orgânicos, reciclados ou upcycling. E investir em processos de produção éticos, valorizando a mão de obra justa e segura.
Os caminhos da moda responsável são diversos, longos e não tão fáceis. Mas ao seguirmos juntos, unidos e comprometidos por um futuro melhor, podemos contribuir para a mudança desta realidade.
E por falar em sustentabilidade, confira aqui no Blog Haco: 12 maneiras de combinar moda e sustentabilidade e como o fio de Poliamida Biodegradável pode ser um diferencial em cadarços.