A pandemia, lentamente, está ficando para trás, mas todos foram atingidos pela mesma. Há uma nova forma de ver o mundo, o lar foi ressignificado, prioridades foram redefinidas. O relacionamento com as coisas – e não só com as pessoas – também mudou. O consumidor do futuro tem uma nova cara.
Se as mudanças estão afetando o mercado como um todo, quem vive no mundo da moda deve ter uma sensibilidade a mais. Não é apenas uma questão de seguir novas regras, novos rumos, mas de entender o que o consumidor do futuro realmente quer.
Em muitos casos, é preciso construir uma nova identidade de marca, redefinir valores, processos e estratégias. Muito do que foi não serve mais, mas compreender isso requer paciência, atenção, estudo e empatia.
O alinhamento com o consumidor do futuro requer flexibilidade, conexão humana e conectividade, sempre com o uso da tecnologia a favor da sustentabilidade.
Para conhecer melhor esse novo perfil, vale entender os principais perfis identificados pela WGSN, uma das maiores empresas de análise de tendências do mundo.
Entenda os sentimentos que regerão o consumidor do futuro
As pessoas são sentimentos, e eles foram um pouco bagunçados com a pandemia. Enquanto a vacina proporciona uma retomada gradual das atividades cotidianas, várias regiões retornam ao isolamento por conta da “pandemia dos não vacinados”.
Por outro lado, há o receio constante de novas cepas, de mutações resistentes à imunização. Compreender estes sentimentos é fundamental para o criativo entender a nova relação de consumo que deve pautar 2023.
Percepção do tempo – O passado idealizado se tornou foco de desejos no futuro. O isolamento social alterou a noção da passagem dos dias, sempre iguais e arrastados, enquanto a percepção de meses ligeiros parecia distorcer a realidade. O que foi batizado de “paradoxo da quarentena”, a nostalgia ajuda a se manter no presente.
Apatia – A pluralidade emocional da quarentena deu lugar a uma apatia constante, uma espécie de defesa contra a sobrecarga emocional. Espécie de ressaca da pandemia, o consumidor do futuro dá um passo atrás para examinar a “Big Picture”, rejeitando respostas automáticas.
Esperança – O consumidor do futuro aposta mais em iniciativas pessoais para desempenhar um papel importante no mundo renovado. Assim, a esperança deixa de ser uma emoção passiva para ser o ponto de partida para a reconstrução, com ações que proporcionem um futuro melhor do que o presente.
Motivação cautelosa – A volta dos prazeres cotidianos deve ser cautelosa para uns e mais afobada para outros, mas igualmente necessária. Afinal, a interação humana é essencial para a afirmação da existência, da interdependência e da humanidade.
Como são os perfis dos consumidores do futuro
Estes são os principais sentimentos que influenciarão o consumidor do futuro, criando grupos que impactarão o mercado da moda em 2023.
As marcas devem identificar o público-alvo em meio às mudanças de comportamento, reconhecendo necessidades e anseios, dores e desejos. Só assim é possível criar empatia para um relacionamento seguro e transparente com os consumidores, adaptando estratégias para impulsionar as vendas.
Antecipadores
São os consumidores do futuro que só conseguem lidar com interferências favoráveis. Eles buscam segurança e estabilidade, freando o consumo e gastando com cautela. Globalmente, há um certo sentimento de culpa por gastos supérfluos em tempos de economia instável.
Por outro lado, há uma exaustão em não saber lidar com erros de previsão. Atrasos na entrega, erros de cálculo ou produtos esgotados são mais que um contratempo, significam uma necessidade de reformulação que gera instabilidade.
É preciso trabalhar a disponibilidade de estoque, acesso à pré-venda e criatividade em descontos inovadores geram mais possibilidades de fidelização deste consumidor do futuro.
Novos românticos
Este consumidor do futuro reavalia o que realmente importa, valoriza as conexões familiares e redefine o conceito de comunidade. É a vida mais devagar, o prazer das coisas simples, a morada no campo. O home office incentiva este grupo de consumidores a buscar um maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
Buscam momentos e experiências sensoriais, materiais mais naturais e mente aberta a novas descobertas, valorizando a higiene mental e emocional. A sincronicidade com o entorno é fundamental para conquistar esse consumidor do futuro.
Inconformados
Estimulado pela raiva dos acontecimentos de 2020, este consumidor do futuro busca na tecnologia conteúdos sobre a base da sua revolução. Cansados da falta de assistência governamental, propõem boicotes às empresas que apoiam governos autoritários e preconceituosos.
Valorizam a diversidade, os laços com as comunidades e incentivam o fechamento de empresas para uma reconstrução social. É o consumidor do futuro que impacta resultados financeiros, que defende a autossuficiência, a circulação de dinheiro na região com cadeias de produção comunitárias.
Produtos transculturais, rituais de bem-estar, alquimias, economia essencial e a defesa de pequenas empresas promovem o engajamento deste consumidor do futuro.
Condutores
Os condutores demandam novas experiências, conseguem canalizar a energia em várias direções, têm flexibilidade cognitiva e multitarefas.
É o consumidor do futuro de pensamento elástico e divergente, que gera ideias, com entusiasmo pelas novidades. São os condutores da economia da paixão, que monetiza habilidades e ideias, criando conteúdos, gerando influência.
A capacidade praticamente ilimitada para o trabalho assíncrono impulsiona a mentalidade e modifica negócios. Valorizam a possibilidade de trabalhar junto à natureza, priorizam viagens mais lentas, atividades ao ar livre: é o conceito norueguês “friluftsliv”.
Possibilidades de engajamento são proporcionadas pelo metaverso, onde um mundo digital compartilhado conduz à cultura e ao design e recompensas virtuais.
Não se ligam em embaixadores, mas na interação com pessoas de verdade que sejam usuárias reais de um elemento, valorizam as experiências sociais com tecnologia inteligente, mas discreta.
É preciso sincronizar estratégias e tendências
Assim, mais do conhecer, é preciso compreender os diversos perfis que compõem o consumidor do futuro. Qual deles compõe a base do seu público-alvo? Qual a melhor abordagem para encontrar o cerne de suas necessidades e dores? Como traduzir em roupas seus anseios em um mundo em mutação cada vez mais rápida? Como alinhar a sua estratégia de identificação de marca com estas novas tendências do mercado?
Todos estes aspectos precisam ser respondidos nas pesquisas de moda para as próximas coleções. Eles ajudarão a criar e direcionar ações de engajamento, criando diferenciais que aumentarão a identificação e, consequentemente, a fidelização de seus clientes.
Saiba mais sobre os novos rumos do mercado e do mundo da moda no Blog da Haco e prepare sua marca para criar novos pontos de conexão com seu público-alvo.